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Conforto Acústico

O som é gerado pela criação de um distúrbio do ar, que inicia uma série de ondas de pressão, flutuando acima e abaixo da pressão atmosférica normal, como uma pedra que cai na água, gerando ondulações que se expandem pela superfície. Ao contrário das ondas na água, entretanto, essas ondas de pressão se propagam em todas as direções da fonte sonora. Nossos ouvidos sentem as flutuações de pressão, convertendo-as em impulsos elétricos e mandando-os ao nosso cérebro, no qual são interpretados como sons. 
Há muitas fontes de sons nas edificações: vozes, atividades humanas, ruídos externos, como tráfico, equipamentos de lazer e máquinas. Todas elas geram variações rápidas e pequenas na pressão atmosférica estática, as quais se propagam através do ar como ondas sonoras. O som geralmente é medido em decibéis (dB). 
Os decibéis estão relacionados à resposta do ouvido humano, o qual responde logaritmicamente ao som. Por exemplo, um aumento de 10 dB no nível de pressão sonora seria percebido como o dobro do volume. Em situações práticas, mudanças de nível de 3 dB mal são percebidas. É muito importante lembrar que decibéis e níveis de pressão sonora similares têm propriedades diferentes das unidades mais convencionais. Os níveis da pressão sonora, por exemplo, não podem ser somados, como fazemos com quilogramas. A combinação de dois ruídos com níveis médios de 60 dB não resulta em uma pressão sonora de 120 dB, mas de 63 dB. Na acústica das edificações, é importante saber as frequências que compõem um som, pois frequências diferentes comportam-se de maneiras diferentes. 
Na maior parte dos projetos de controle do som em edificações, as duas propriedades acústicas mais importantes dos materiais e dos sistemas empregados são a absorção e a perda de transmissão do som.

O barulho de passos e outros impactos são fontes comuns de poluição sonora. O som é transportado facilmente através dos componentes estruturais de uma edificação. Se barulho for um problema no projeto, alguns espaços silenciosos podem ser zoneados na casa pelo distanciamento destes em relação a áreas de maior atividade, as quais podem ser a escada ou o vestíbulo. 
Um método de controlar o nível de ruído dentro de um ambiente é por meio da dissipação da energia do som com o uso de materiais absorventes. O som é absorvido quando uma parte de sua energia que atinge uma superfície não é refletida, mas passa pelo material e é convertida em calor. Geralmente, frequências mais altas são mais facilmente absorvidas do que aquelas mais baixas. Materiais que são bons absorventes permitem que o som passe por eles de maneira relativamente fácil; essa é a razão pela qual os materiais absorventes de som não são boas barreiras de som. Eles reduzem o nível de barulho em um ambiente fechado. Entretanto, é necessária uma grande espessura ou muitas barreiras para que a energia do som seja reduzida significativamente. É importante entender a diferença entre absorção e perda de transmissão do som. Materiais que evitam a passagem do som geralmente são maciços, bastante pesados e não porosos. Um bom absorvente de som são 15 mm de fibra de vidro; uma boa barreira de som são 150 mm de concreto moldado in loco. Materiais que funcionam como barreiras de som são utilizados para reduzir o nível de som constante em um ambiente produzido por uma máquina, por exemplo, para diminuir a reverberação. Uma parede de concreto sólido seria utilizada para manter o barulho do tráfego longe de um cômodo. Edificações em alvenaria maciça são mais silenciosas do que aquelas com estruturas de madeira. Certifique-se de que o silêncio da casa esteja no topo da sua “lista de desejos” já no estágio de elaboração do programa de necessidades e, se tiver outras dúvidas, procure um especialista para conseguir orientações de como tornar sua casa à prova de ruídos. 

 

O Conforto

A habitação salubre (saudável, higiênica, benéfica) deve atender às necessidades humanas pertinentes aos aspectos fisiológicos (funções do organismo), psicológicos (mentais), de proteção contra contágios (doenças de contato) e segurança (proteção contra acidentes). Detalhando o aspecto fisiológico no quesito conforto, os seguintes itens são importantes: 

  • temperatura e umidade adequadas; 
  • ventilação e arejamento suficientes; 
  • iluminação adequada (natural e artificial); 
  • proteção conta ruídos excessivos; 
  • espaço suficiente. 

Em termos de espaço, por exemplo, na construção de conjuntos populares como apartamentos, sua área privativa máxima adotada pelas companhias construtoras habitacionais (aqueles que recebem inecntivo fiscal ou benefícios de impostos) não pode ultrapassar as condições seguintes: 40 m2 (área de apartamento com um dormitório), 60 m2 (área de apartamento com dois dormitórios) e 70 m2 (área de apartamento com três dormitórios). 
Para os compartimentos de permanência prolongada e transitória serão permitidas as seguintes dimensões mínimas: primeiro ou único dormitório 10 m2, segundo 8 m2 e o terceiro 6 m2. 

Os problemas relacionados com o ruído urbano e a acústica de modo geral se agravaram nos últimos anos, especialmente nos centros urbanos, onde são mais frequentes e intensos. E isso se deve porque tais problemas causam sérios transtornos tanto à saúde quanto à produtividade das pessoas. Mesmo cientes desses problemas e, muitas vezes, vítimas deles, os construtores têm negligenciado os aspectos acústicos nos projetos de urbanismo, bem como nos de edificações, causando uma série de transtornos e insatisfação em seus usuários. Tal condição se repete nas habitações sociais, onde, sistematicamente, todos os problemas possíveis na construção civil se repetem, obviamente por terem seus recursos tecnológicos e materiais mais deficientes em relação às demais construções.


O ouvido do homem apresenta uma resposta agradável para sons não muito intensos, porém superado certo limite, passamos a sentir dor, e insistindo no elevado nível de ruído podem acontecer danos irreversíveis. 


A norma da ABNT NBR 10152 – Níveis de ruído para conforto acústico nos coloca os valores aceitáveis para cada ambiente. A ausência de conforto acústico condiciona fortemente a nossa saúde e produtividade.


No processo de projeto devemos estudar os níveis de ruídos para localizar a edificação no terreno e opção por medidas que auxiliem na minimização dos impactos dos ruídos externos.


O ruído que incomoda pode ser controlado quando atuamos sobre a fonte geradora, sobre o caminho ou no receptor do som.


Quando procedemos sobre a fonte, partimos do pressuposto de anulação ou diminuição do som propagado. Podemos trocar a fonte por outra mais silenciosa, ou isolar e evitar a transferência de ruído à estrutura da edificação. 


Existem isolantes acústicos no mercado, que tem a função e reduzir a energia do som transmitido pelas estruturas para os ambientes vizinhos, e os absorventes acústicos, que servem para reduzir a energia de um som refletido por uma superfície do mesmo ambiente.


As placas rígidas e planas refletem o som sem absorver, como um escudo, ao passo que as compostas por materiais fibrosos ou porosos absorvem bem o som. Na interação da edificação com os ruídos externos, devemos atentar para a solução dos problemas de forma semelhante ao que acontecia com o conforto térmico, criando obstáculos para a chegada ao interior do prédio. 


Sabemos que fachadas voltadas para áreas com ruídos devem receber atenção especial em seus projetos tendo as paredes construídas de materiais pesados e com revestimentos porosos. 

A mesma atenção deve ser dada na escolha das Janelas. Então é importante pensar em todas as variáveis que envolvem um bom isolamento acústico, a começar pela área do vão que deve ser completamente vedada entre a janela e a alvenaria. Após isso priorizar tipologias que possuam vedação extra, como borrachas, ou travas de pressão (elas são sempre melhores que as tipologias de correr comum – sobre roldanas). O vidro tem papel fundamental nessa especificação, primeiro por ocupar entre 70% e 80% do espaço do vão, ou mais, e também por possuir menos massa que as outras estruturas da janela (perfil).
E seguindo a premissa de massa e vedação, indispensáveis para um bom projeto acústico, é importante considerar a espessura e tipo do vidro (laminado, duplo, etc...) e a tipologia. Após uma boa seleção. Lembre-se que a instalação é de suma importância para o resultado satisfatório, afinal, frestas são inimigas do isolamento.

Outra medida é a criação de obstáculos, paredes ou painéis absorventes para evitar ou minimizar os ruídos que chegam ao prédio. Isso é muito comum em regiões de rodovias ou vias movimentadas, principalmente no hemisfério norte, onde a movimentação por trens é frequente e ocorre também em horários atípicos. Essas placas isolantes têm começado a ser utilizadas com mais frequência no Brasil e auxiliam e muito no conforto acústico percebido. Os condomínios fechados, a margem de rodovias, podem investir neste tipo de ação que auxilia muito na estabilidade da intensidade recebida de som pelos ambientes. 
Um meio natural de evitar a propagação dos ruídos externos, proveniente de trafego de automóveis, trânsito de pedestres e ruídos em geral, é o emprego da vegetação como elemento de absorção e controle. A própria topografia do terreno que muitas vezes é alterada, poderia ser uma aliada para criação de obstáculos para a propagação dos ruídos que advém do meio externo, e em conjunto com uma disposição de árvores e painéis de vegetação potencializam sua virtude.

Quando falamos em edificações de uso multifamiliar o cuidado com conforto acústico, ganha proporções ainda maiores, muito em virtude do fato de que existem diferentes famílias, com seus hábitos particulares de viver, e ainda que separados por estruturas e vedações de alvenaria, ocupando espaços e áreas em comum.


Para que não existam interferências de um apartamento para outro, em relação à propagação de som, é necessário que as construções sejam feitas com materiais de qualidade e com as dimensões dentro de padrões que permitam o isolamento acústico entre unidades. Quando mencionamos as áreas de divisa entre as unidades, entenda-se que são, as paredes, lajes, portas e janelas.


Uma prática eficiente é que sejam feitas duas paredes de 11 centímetros com um pano de 05 centímetros entre elas, onde se coloca material isolante, como por exemplo, a lã de rocha.


Para aumentar o desempenho acústico podem ser incorporados às estruturas materiais isolantes manufaturados e também materiais reciclados, tais como a borracha, já estão disponíveis muitas opções que auxiliam nessas composições qui no Brasil.


Equipamentos que emitem ruídos, como é o caso de sistemas mecânicos de ventilação e equipamentos nas lavanderias e cozinhas, deveriam ter instalados silenciadores nas saídas do ar. 


Naqueles equipamentos que, para além de ruído, existam vibrações, é essencial instalar apoios anti-vibratórios em todos os componentes suscetíveis de emitirem vibrações (como, por exemplo, elevadores, transformadores elétricos, portas automáticas de garagem, piscinas, banheiras de hidromassagem, etc.), pois muitas vezes não é a intensidade (altura do barulho) que traz o incomodo ao morador e sim as vibrações sentidas, sejam ao movimento de móveis ou mesmo piso e janelas. 
Muito se descreve sobre transtornos desenvolvidos por esse tipo de problema.

Então o correto é isolar completamente um ambiente?
Quando se fala em conforto acústico, isso não é uma verdade. Primeiro porque é quase impossível transformar um ambiente em 100% hermético, mas também porque o ambiente interno também gera ruídos peculiares, sejam eles provenientes do tic-tac do relógio de parede, ou da água que corre pelos canos da parede até as torneiras ou chuveiro, e até mesmo o encher das máquinas de lavar-roupas e louças.
Não se torna interessante então um ambiente totalmente isolado do ambiente externo, mas é sim uma função do especificador, apresentar qual a intensidade e a frequência dos barulhos que incomodam os habitantes da residência. Por exemplo se o barulho que irrita é de latidos de cachorros ou de automóveis talvez a especificação do vidro e da tipologia tenha que ser totalmente diferente.

 

Mas de modo geral se fala apenas que se deseja atenuar X dB (decibéis), mas você sabe o que são decibéis?

Os termos dB (decibéis) e escala de decibéis  são usados mundialmente para medir o nível de som. A escala de decibéis é uma escala logarítima, em que a duplicaҫão da pressão do som corresponde a 6 decibéis no aumento de nível.
É importante entender que o termo dB pode ter diferentes significados e não tem um uma unidade fixa como as relacionadas a voltagem, metro, e afins. A unidade de dB vai depender do contexto em que ela é utilizada.

 

 

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